21 março 2015

Só os burros não aprendem (e em dose dupla)

Já não é a primeira vez que depois de um deslize do Benfica - suplantado em tudo pelo Rio Ave (2-1) - horas antes, em Vila do Conde, que o FC Porto dá um passo em falso.
 
O Benfica não joga puto, o FC Porto não tem estofo. E não só não foi capaz de se aproximar a 1 ponto da liderança, cortesia de um jogo extraordinário do Rio Ave que pude ver na íntegra, depois de só ver o Benfica nos jogos com os grandes rivais e também uma boa porcaria mesmo escapando sem perder, como a equipa de Lopetegui, por culpa do treinador, não se empolgou com a janela aberta de esperança - como acabou a revelar baixa de forma física e sem estado de alma que suplantasse esse défice de pernas e pulmões que inibiu todos nos parâmetros da velocidade, explosão, posicionamento e ganho nos duelos individuais, logo perdendo toda a ligação nos sectores parecendo que jogava com menos um tal a superioridade do Nacional na defesa, no meio e no ataque.
 
Depois de não descortinar que Brahimi, nas lonas, não sacava uma finta, e mesmo Tello ser incapaz de ir à linha de fundo e fazer um "pique" no 1x1, acabando a 1ª parte a fazer um golão em rara jogada individual à falta de jogo colectivo, Lopetegui só podia insuflar desânimo com essa mosca morta que dá pelo nome de Quintero e que pensei ter desaparecido do mapa após o inenarrável jogo do Bessa.
O treinador não só não escolheu a melhor equipa, com jogadores frouxos e em "bajón" físico num estouro que se ouviu na Madeira, como fez más substituições e perdeu mais de uma hora de jogo com um meio-campo permeável - Herrera a passo, já visto com o Arouca ainda que jogar com 10 pesasse - e essa incapacidade de ler o que o jogo pedia foi determinante. Depois de trocar o "amarelado" Casemiro, também ele lento, por R. Neves, e Quintero rendendo Evandro também estranhamente complicativo, foi muito tarde que entrou Quaresma pelo improdutivo Brahimi. Quaresma sozinho quase ganhou o jogo abrindo um flanco como não se tinha visto mas Aboubakar continuou muito desamparado na área e com os médios - alô Quintero?! - sem nunca chegarem para a meia-distância e o apoio próximo.
 
Lucas João falhou de baliza aberta o que poderia ter sido o golpe de misericórdia para um Porto abúlico, sem alma nem futebol ligado e com um estrondoso estouro que até o moribundo Benfica ouviu ganhando novo alento enquanto carpia estranhas acusações à arbitragem de Vila do Conde.
 
E se o líder andou sempre ao colinho, estranhando se lhe falta apoio próximo e decisivo, o perseguidor teme chegar-se à frente e mesmo a juventude do plantel, que tem soluções, demonstra falta de ambição.
 
Antes da paragem do campeonato e o seu recomeço com trepidante sucessão de jogos este sinal de fraqueza, assombroso, depois de êxtase competitivo e de beleza futebolística, foi surpreendente, quiçá inexplicável e é altamente preocupante porque o "bajón" físico foi notório e não é com ratos assustados que se apanham gatos pingados como o bafiento Benfica, muito menos barões bávaros como o Bayern. De resto, o FC Porto não tem a desculpa da Europa, como o Benfica não tem (a não ser cansar-se de ver pela tv e, agora, esperar que o Bayern cumpra a sua obrigação sem favor) para jogo tão fraco mesmo quando ganhava 1-0, tal como o FC Porto.
 
Muito má hora para mostrar debilidades julgadas ultrapassadas e provar incapacidade de se auto-estimular para grandes feitos.
 
Sem menosprezo para o Nacional que parecia ter mais jogadores em campo, os sectores ligados, a fluidez assegurada, a subida à área sempre com vários homens, ainda que os ferros tenham protegido duas vezes a sua baliza mas sem o Porto sequer impor jogo e posse, por falta de força e jeito. Se aos madeirenses sobrou um pouco de sorte, mesmo falhando golo de baliza aberta (Lucas João traído por ligeiro ressalto da bola para lhe meter mal o pé e ela subir à canela e sair por alto), tendo algumas baixas importantes, a verdade é que não merecia perder e o empate é justíssimo.
 
A cara de Quintero e a inépcia de Lopetegui demonstram as faltas de jeito e de força como rostos do fracasso. E, como é repetido, realmente só os burros não aprendem.
 
Jesus, por exemplo, ainda bem que continua longe da divindade que se apregoa na terra. Esta tarde só faltou ajoelhar outra vez, com Luisão expulso quis o pontinho e meteu outro para defender, mas acabou ajoelhado a pedir que não expulsem mais jogadores do Benfica porque é um exagero, aí uns 11 em 26 jogos e não pode ser, da mesma forma que já chateia marcar penáltis por mão na bola na área, mesmo que o árbitro tenha sido amigo poucos minutos depois ao poupar o 2º amarelo ao bom samaritano Samaris que Jesus, uma vez ou outra com o neurónio a funcionar, percebeu ser hora de não arriscar também aí e sacou o grego de mais chatices numa epístola aos celoricenses de Basto que bem encheram e deram luz mas está visto que não é isso que se torna decisivo - o andor é que faz falta.
 
A propósito, achei bem o portuense Manuel Oliveira, sem "o", na Choupana, mesmo na carga sobre Quaresma que julgo legal. E, de facto, Lopetegui não chegou a queixar-se do árbitro. O tipo com nome de cineasta sem "o" foi, afinal, uma lufada de ar fresco que o caruncho físico dos dragões não fez por merecer, tal como a brisa atlântica chegada de Vila do Conde não insuflou de ânimo os dragões.

2 comentários:

  1. Depois do desaire do Benfica contra o Rio Ave, (a melhor das 4ºequipas que vi nestes 2 jogos), e onde o FCP ainda vai ter de ir (antes de receber o BM na Champions)...
    Esperava um FCP a querer resolver o jogo na 1ªmeia hora de jogo, mas em vez disso viu-se um FCP lento e complicativo.
    Estranhei a ausência de Oliver (no banco!!!), e o jogo sentiu a falta dele no meio-campo, pois se Casemiro apenas estava lento e errático a soltar a bola, a nivel defensive estava bem...
    Mas Herrera e Evandro não se entenderam com os movimentos dos extremos e do avançado, não conseguindo ter bola de forma assertiva no meio-campo adversário, e se Brahimi na 1ªparte ainda tinha pernas e arriscava o 1*1 (Alex Sandro subia, mas não combinavam os dois), já na 2ªparte o Argelino eclipsou-se do jogo.
    Tello ainda foi dando um ar de si, até fez um belo golo e tabelou bem com Danilo...
    Na 2ªparte com o remate á trave do Maicon via-se um FCP a tentar mandar no jogo, mas...

    Hoje Lopetegui leu mal o jogo...
    Não era o melhor jogo de Casemiro, (já tinha amarelo), mas com a saida dele, o FCP nunca mais teve meio-campo...
    Risco enorme com o FCP a vencer 1-0...
    Ruben Neves entrou mal e os 2 médios á frente continuavam complicativos e "sem" Brahimi eram só 10...
    Depois a ter de arriscar, meter o Quintero é só para desestabilizar o resto dos jogadores...(Até pq Quintero só conhece os movimentos de Jackson)...
    Ou entrava logo Quaresma para a ala, juntando Brahimi a Aboubakar...
    Ou entrava Oliver para dar serenidade á equipa...
    15m. perdidos até entrar Quaresma e 3 substituições feitas com 2 completamente erradas...há noites assim onde os jogadores e treinadores acusam a pressão de ter de vencer o jogo.
    Depois 15 m., onde Quaresma apareceu, mas só aparecia Aboubakar na area...
    Pois nem dava para meter Gonçalo Paciência...
    E a melhor situação ainda foi do Nacional a falhar um golo cantado...

    Deviamos ter feito bem mais para pressionar durante a curta paragem de 10 dias, não fizemos por manifesta falta de liderança em campo que quando as coisas não saem bem se nota ainda mais...

    Mas assim continuamos longe do objectivo ainda que dependa só do FCP...
    Mas tendo deslocações dificeis e a ter de ganhar por 3 na luz, para não se ir para a diferença de golos...

    Gil Lopes (ZedoBone)

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  2. Gil, temos a mesma leitura, mas não partilhamos a quem atribuir responsabilidade. Quintero é um zero e o Lopes treinador já sabia disso. É perder tempo e brincar aos cóbois.

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