09 novembro 2014

De bestiais a bestas com toda a naturalidade

Um jogo maravilhoso na 4ª feira, um jogo vergonhoso no Estoril. Assim se perdem campeonatos, com perda de identidade, com jogadores frouxos e treinador titubeante, ele e a equipa dominados pela doença chamada bipolar mas que, por isso mesmo, não confirmam o carácter de um candidato ao título.
 
E se com o Nacional, num mau jogo em geral, Julen Lopetegui brindou o pessoal com Quintero e Oliver em simultâneo no meio-campo, deixando Herrera no banco, desta vez experimentou a versão "hard" que tornou a equipa "soft" à mercê da agressividade dos médios do Estoril reforçados por um trabalho constante e extenuante dos seus avançados - tudo o contrário do que o FC Porto fez.
 
E se nesta fórmula, mais uma errada, que o treinador serviu ao FC Porto e aos adeptos crentes na constância e firmeza da equipa, se percebeu cedo, perdido o meio-campo, alargando a distância da linha defensiva - onde Casemiro era obrigado a encostar atrás - para uma alargada mas improdutiva linha dianteira, apenas com Herrera a servir de ligação e Casemiro de tampão (a par de Herrera, sempre posto em esforço sobre-humano), que era a maneira de estrear uma derrota no campeonato, com a entrada de Quintero, primeiro, e Oliver, depois mas já em desespero, foi a maneira de ter mais bola, ainda que mal jogada em geral, para lograr escapar à vergonha da derrota com uma equipa com 24 horas menos de descanso e uma fatigante viagem desde Moscovo.
 
Tudo servido por Lopetegui, ainda descrente de o campeonato tuga ser bastante mais difícil do que imagina e já devia ter conhecimento mínimo de equipas povoando o meio-campo e árbitros alheios a fitas mas embatucados na sua superficialidade - a mesma com que o FC Porto encarou o jogo, frouxamente, repita-se.
 
Praticamente todos jogaram mal, errando passes, temendo ter a bola, não percebendo a necessidade de tirá-la sempre das zonas de pressão, envolvendo-se em despiques físicos que os da Linha sabiam aproveitar com a parcimónia do palonço portuense que se julga árbitro de elite. Faltou mentalidade e inteligência, por isso não saíam passes de rotura, os da frente não vinham atrás, os de trás mal se chegavam à frente, a equipa não tinha nada a ver com aquilo porque o treinador fez mais uma asneira experimentalista idiota que só um inadaptado - até quando? - pode permitir-se. Aquilo acumulou momentos de pavoroso futebol sem ideias nem jogadores de fibra. Acabou por ser em desespero, esgotando todas as fichas mas já com algumas gastas completamente (Brahimi só brilhou no golo), até Oliver romper de trás e empatar nos descontos - e Jackson ainda podia ter marcado, não fosse Kiesczek mas não merecia o Estoril que, helàs, deu uma prova de dignidade aos meninos mimados do Dragão, incluindo os vários portistas emprestados e/ou que já passaram pelo Porto. Todas as asneiras surgiram com naturalidade, fruto da má abordagem, da péssima planificação, da inexistente noção do que é jogar no Estoril.
 
Assim se perdem campeonatos. Perder pontos assim não é admissível e esteve para ser pior.
 
Ironicamente, numa jornada em que Preocupações Fonseca (1-1 do Paços de Ferreira em Alvalade) não só fez o mesmo que Julen Lopetegui na visita ao Sporting, e eu sou insuspeito para trazer isto à colação, como Julen Lopetegui fez o mesmo 2-2 de Preocupações Fonseca há um ano no Estoril. E o FC Porto há um ano foi roubado indecentemente pela arbitragem e o empate do PF no Sporting foi conseguido a jogar com 10 boa parte do 2º tempo.
 
Se com o Nacional, apesar da vitória, foi mau, desta vez foi muito pior e nem deu derrota. Mas não parece tardar, com tamanha impreparação mental de Julen Lopetegui para perceber como se joga em Portugal.
 
Dá-me a impressão que, de repente, o treinador do FC Porto perdeu o sentido da rotação: Maicon não tem condições de ser titular, Alex Sandro e Danilo caminham para o esgotamento tão cedo como na época passada e as soluções do plantel parece não contarem para actuar com frescura na retaguarda.
 
Não é a meter muitos avançados que se ganham jogos em Portugal; é a ter mais jogo estruturado de trás e não a despejar bolas na frente para adversários plantados de frente para o jogo.
 
Este segundo ciclo começou mal com a eliminação da Taça em casa e acabou a perder mais pontos para o Benfica que não facilita.
 
Há que ter noção disso em vez se termos de encarar como normal que se passem de bestiais a bestas em escassos dias. Com um adversário desgastado e com menos soluções. Foi uma vergonha de falta de categoria. Igual ao FC Porto sem chama, só um árbitro pateta e petulante de tão ridículo na discricionariedade das faltas e cartões.

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